A DIFICULDADE DA PRINCESA IMPERIAL EM ENGRAVIDAR


Por seis vezes a Princesa Imperial do Brasil, Dona Isabel de Bragança, engravidou, resultando em dois abortos espontâneos, uma filha natimorta e, em fim, três filhos varões saudáveis. Ao passo que sua irmã, a Princesa Dona Leopoldina de Bragança, e o marido, o Duque de Saxe, tiveram quatro meninos em rápida sucessão, a Princesa Imperial e seu marido, o Conde d’Eu, não conseguiam gerar herdeiros para o Trono e a Coroa do Brasil.
Em 1868, o Casal Imperial viajou até Caxambu, na Província de Minas Gerais, onde a Princesa Imperial se banhou nas águas medicinais e pagou a promessa antes mesmo de obter a graça, mandando construir uma capela dedicada à sua remota ancestral, a Rainha Santa Isabel da Hungria. No ano seguinte, Sua Alteza iria se opor veementemente – indo contra o pai, o Imperador Dom Pedro II, o Governo e o Conselho de Estado – à ida do Conde d’Eu para o comando das tropas da Tríplice Aliança na Guerra do Paraguai, temendo que o marido fosse morto em combate antes que pudesse lhe dar um filho.
Não havia, per se, um problema real de sucessão, uma vez que a Duquesa de Saxe e seus quatro filhos eram herdeiros constitucionais do Trono, e havia ainda as duas irmãs vivas do Imperador, a Condessa d’Áquila e a Princesa de Joinville (Princesas Dona Januária e Dona Francisca de Bragança, respectivamente). Havia, contudo, por parte da Princesa Imperial, um forte instinto de maternidade, que precisava ser saciado. Em 1871, quando foi Regente do Império pela primeira vez, na ausência de seu pai, e assinou a Lei do Ventre Livre, libertando os filhos de escravos nascidos dali em diante, Sua Alteza estava grávida. Sofreria um aborto no mês seguinte.
A Princesa Imperial e o Conde d’Eu foram, então, procurar na Europa o que havia de mais moderno em tratamentos de medicina reprodutiva. Com ajuda do Doutor Depaul, a Princesa Imperial conseguiu engravidar, mas o Imperador, pressionado pelo Conselho de Estado, insistiu para que a criança nascesse no Brasil. Após muitas horas de um parto doloroso, em 28 de julho de 1878, a primeira filha do Casal Imperial nasceu morta, tendo sido batizada “in articulo mortis” (ainda no ventre da mãe). Deram-lhe os nomes dos avós paternos, o Príncipe Luís de Orleans, Duque de Nemours, e a Princesa Vitória de Saxe-Coburgo e Koháry. A Princesa Dona Luiza Victoria de Orleans e Bragança teria sido Princesa do Grão-Pará, enquanto primogênita e herdeira da Princesa Imperial do Brasil.
Mesmo com todos os reveses, a Princesa Imperial não esmoreceu, entregando tudo nas mãos de Deus Nosso Senhor e continuando a Lhe pedir a graça da maternidade, que finalmente seria concedida por ocasião do seu 11º aniversário de casamento, a 15 de outubro de 1875, quando Sua Alteza – atendida pelo mesmo Doutor Depaul, com auxílio do Doutor Sabóia Lima e da Enfermeira Soyer – deu à luz um filho, o Príncipe Dom Pedro de Alcantara de Orleans e Bragança, intitulado Príncipe do Grão-Pará no ato do nascimento. Mais dois filhos se seguiram – os Príncipes Dom Luiz e Dom Antonio de Orleans e Bragança, nascidos, respectivamente, a 26 de janeiro de 1878 e 9 de agosto de 1881 –, completando a família.
– Baseado em trechos da palestra “Quem foi a Princesa Isabel?”, que o Professor José Ubaldino Motta do Amaral ministrou durante Sessão Solene realizada na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a 20 de maio de 2014, em homenagem à Princesa Dona Isabel e ao 126º aniversário da Assinatura da Lei Áurea, na presença de Suas Altezas Reais o Príncipe Dom Antonio e a Princesa Dona Christine de Orleans e Bragança.
Foto: Suas Altezas Imperiais a Princesa Imperial do Brasil, Dona Isabel de Bragança, e seu marido, o Príncipe Dom Gastão de Orleans, Conde d’Eu e Príncipe Imperial do Brasil, acompanhados de seus filhos, Sua Alteza Imperial o Príncipe do Grão-Pará, Dom Pedro de Alcantara de Orleans e Bragança, e Suas Altezas os Príncipes Dom Luiz e Dom Antonio de Orleans e Bragança.

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